Neste programa do Pauta Musical você vai ouvir arranjos sinfônicos do Maestro César Guerra-Peixe, para celebrar o centenário de nascimento de um ícone da cultura popular do nordeste brasileiro. A grande música de Luiz Gonzaga.

 

 

César Guerra-Peixe, nascido em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 1914, foi um compositor, arranjador, regente, violinista, professor, pesquisador. Valorizou especialmente o folclore brasileiro, produzindo composições modernas eternizadas pela valorização do popular no erudito.

Filho de imigrantes portugueses, aos 9 anos já tocava violão, bandolim, violino e piano. O violino foi o motivo principal de sua transferência para o Rio de Janeiro, onde estudou técnica violinística.
Além do violino, estudou harmonia e música de câmera, momento em que também passou a trabalhar como músico em orquestras de salão e a integrar um trio alemão que se apresentava na Taberna da Glória.

 

César Guerra-Peixe trabalhando ao piano (Foto: Delfina Rocha / Divulgação / Arquivo pessoal)

 

Em Recife e em São Paulo realizou um importante trabalho de coleta de músicas folclóricas, maracatus, xangôs e catimbós, usados em criações como a Suíte para Cordas (1949). Defendeu a impossibilidade de existir música ou arte verdadeiras sem sólidas raízes culturais, focando seus estudos em sambas rurais, cateretês, cururus, folias de reis, congadas, modas de viola.

 

Morreu no Rio de Janeiro em 1993, deixando uma belíssima obra composta de peças sinfônicas, músicas de câmara, duos. Guerra-Peixe recebeu diversos prêmios e títulos em toda a carreira, destacando-se o Prêmio Shell, em 1986, pelo conjunto de sua obra; e o Prêmio Nacional de Música do Ministério da Cultura, como "maior compositor brasileiro vivo", pouco antes de sua morte.

 

Mourão, O Hino do Movimento Armorial

 

 

Composta por César Guerra-Peixe e Clóvis Pereira, Mourão foi considerada o hino do Movimento Armorial. A peça foi inspirada no som das rabecas do folclore nordestino, com as quais Guerra-Peixe teve contato nos anos 1950 em viagens ao Nordeste do país.

 

Criado em 1970, o Movimento Armorial foi oficialmente lançado no dia 18 de outubro, em concerto aberto ao público no Pátio de São Pedro, Bairro do Recife. Estendido a diferentes vertentes artísticas, foi ecoado na música, literatura, dança, arquitetura, no cinema, teatro e nas artes plásticas. A proposta do movimento era criar arte erudita a partir de referências da cultura popular e popularizar o erudito.


O dramaturgo Ariano Suassuna foi o principal idealizador do Armorial, apoiado por grupo de artistas plásticos, músicos e escritores nordestinos. Guerra-Peixe foi um dos principais representantes deste movimento dentro da música denominada como erudita. O movimento armorial na música teve como objetivo utilizar instrumentos e ritmos tipicamente brasileiros e, sobretudo, nordestinos na composição de músicas de concerto.

 

Para saber mais sobre Guerra-Peixe e sobre o Movimento Armorial leia e entrevista concedida por Clóvis Pereira Filho, maestro e filho do parceiro musical de Guerra-Peixe:

http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/divirtase/46,51,46,61/2016/05/29/internas_viver,647150/reliquias-do-movimento-armorial-ganham-o-mundo-com-partituras-disponiv.shtml

 

Muitas das partituras originais, manuscritas, estão arquivadas no Conservatório Pernambucano de Música (Foto: Ricardo Fernandes/DP)